Comprar é terapia?

Há quem diga que comprar é terapia, mas o que temos visto por aí não é bem assim, deixou de ser algo saudável para se tornar algo no minímo preocupante. Acompanhe e entenda o porquê.

Tenho notado com frequência um quadro de ansiedade e depressão em pacientes no meu consultório e ao investigar um pouco mais sobre isso, percebo que tem algo comum em muitos desses casos.

As pessoas evitam falar sobre seus problemas do dia a dia, mas às vezes, passam por tantas dificuldades que fica impossível não revelar a fonte de tamanho sofrimento: problemas de ordem financeira que se arrastam por anos.

Gastos excessivos e descontrolados atuam como uma compensação de situações de stress e frustração.

Além da própria situação financeira precária, não percebem que estão trocando um problema por outro.

As pessoas passam por ilusões, crenças de que o comprar é uma forma de agradar a si e as outras pessoas que amam.

Esse tipo de comportamento é uma forma de adoecimento, pois é um comportamento com uma tendência a acreditar na eterna ilusão pela busca da felicidade.

Um efeito de curto prazo, quase como um trago de bebida do alcoólatra enquanto sóbrio, onde a pessoa se sente bem no momento da compra, mas depois, se sente amargurada e arrependida.

As pessoas que sofrem do problema de compulsão por compras em maior ou menor grau se apresentam travestidas de angústia e depressão.

Observa-se que a pessoa acaba tendo um transtorno compulsivo por diversos motivos, principalmente quando faz a compra por puro prazer e depois nem sequer usa ou dá valor para o que adquiriu.

O grande prazer dessas pessoas está no “ato de comprar” e, não necessariamente em usufruir de tais objetos, que logo são esquecidos.

Em casos extremos, as pessoas que têm esse tipo de problema acabam escondendo por anos suas compras das pessoas que a rodeiam.

Se colocam em uma situação perigosa, pois para elas é mais importante “ter” do que “ser”.

Julga sua identidade e suas emoções pelo que tem e pelo que pode adquirir, porém vivem mergulhadas em angústias e insatisfações.

A análise ajuda as pessoas a pensar e perceber a sua existência, sentir o que realmente é e quais são seus objetivos.

É uma jornada em busca de si mesmo, procurando desvendar seus próprios desejos.

É um mergulho ao seu próprio universo para lidar de forma diferente com o consumismo desenfreado, cujo caminho apresenta curvas perigosas e ilusórias, pois a satisfação imediata do presente costuma colocar pedras no caminho de um futuro tranquilo.

Somente olhando para si mesmo é que se consegue realmente entender a distância que existe entre o que algo material representa frente as emoções e sentimentos que tomam conta do ser.

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Silvana D'Avino

Atua há mais de 25 anos na área de atendimento clínico em Psicologia e Psicanálise. Graduada em Psicologia pela FMU e Psicanálise pelo IBCP (Instituto Brasileiro de Ciências e Psicanálise), com diversas especializações: Psicoembriologia, Coach Psico Orgânico, Grafologia, MBA em Gestão de Pessoas, Psicologia Analítica (Jung), Orientação Profissional, Psicologia Hospitalar