O que é Psicanálise – Entenda antes de fazer análise

Psicanálise é uma técnica utilizada em sessões de análise ou terapia, criada pelo médico vienense Sigmund Freud, que tem como objetivo ajudar as pessoas a lidarem melhor com seus sentimentos e emoções por meio de uma leitura muito particular do próprio inconsciente, e que influencia os pensamentos e atitudes do dia a dia.

A Psicanálise, assim como a Psicologia e Psiquiatria tem colaborado significativamente para a saúde mental dos brasileiros.

Entender do que se trata essa técnica é o primeiro passo para que possa buscar uma ajuda ou até mesmo conseguir decidir melhor qual a melhor abordagem para o seu caso. As diferenças entre essas abordagens podem ser vistas neste artigo.

Onde, quando e como surgiu a Psicanálise
A base da Psicanálise
O legado de Freud
Por que alguém faria análise?
Para quem é indicada a análise?
Como funciona uma sessão de análise?
Quanto tempo dura a análise?

Vamos agora fazer uma pequena viagem no tempo para entender melhor do que se trata essa técnica tão utilizada nos dias de hoje e que tanto ajuda as pessoas a terem uma vida mais equilibrada.

Onde, quando e como surgiu

Os estudos iniciaram-se em Viena no ano de 1895 em decorrência do trabalho de Sigmund Freud, que focava as psicopatologias e seus tratamentos, e, suas ideias baseavam-se na observação e no histórico dos casos.

Então quem era Sigmund Freud?

Freud formou-se em medicina em 1886 e especializou-se em neurologia e desenvolveu o método da “cura pela fala” que se tornou uma abordagem psicológica totalmente inovadora: a Psicanálise.

Em 1908 formou a Sociedade de Psicanálise que deu continuidade a sua escola de pensamento.

As ideias de Freud disseminaram-se pela Europa e pelos Estados Unidos e atraiu grupo de pessoas para a Sociedade Psicanalítica em Viena, da qual faziam parte Alfred Adler e Carl Jung.

Com o passar do tempo Jung e Freud acabaram discordando de certos pontos da teoria freudiana e deram seguimento às suas próprias abordagens individuais, baseadas nos fundamentos de Freud.

Apesar das diferenças de opinião, as ideias básicas de Freud não foram rejeitadas, mas sim modificadas pela nova geração de psicanalistas.

Freud trabalhou com o neurologista Jean Martin Charcot e foi bastante influenciado pela utilização da hipnose no tratamento da histeria. Durante o período que Freud trabalhou com Charcot, deu-se conta da importância do inconsciente, uma área de pensamento não consciente que ele achava ser central na formação do comportamento.

A base da Psicanálise

Freud acreditava que se conseguisse acessar o inconsciente por meio de conversas com os pacientes, poderia trazer memórias doloridas e ocultas para a consciência, no qual o paciente poderia entender e aliviar seus sintomas.

Pensamentos, sentimentos, lembranças e experiências constituem a totalidade da mente humana.

Segundo Freud, o estado ativo da consciência, é apenas uma fração do total de forças atuantes em nossa realidade psicológica.

O consciente existe em um nível superficial, ao qual temos acesso fácil e imediato.

Icerberg da Psicanálise
Imagem: https://es.pngtree.com

No consciente estão as potentes dimensões de armazenagem do inconsciente que ditam os estados cognitivos ativos (memórias, inteligência, etc) e comportamentos.

O consciente está à disposição do inconsciente, ou seja, o consciente é apenas a superfície de um complexo psíquico.

O inconsciente abrange tudo, afirmou Freud, e contém os domínios do consciente e de uma área chamada pré consciente.

Tudo o que é consciente hoje já esteve em algum momento guardado no inconsciente antes de emergir à consciência.

Entretanto, nem tudo se torna conhecimento consciente, muito do que é inconsciente pode continuar inconsciente.

Freud acreditava que quando certas ideias ou memórias (com emoções associadas) ameaçam a psique, elas são retiradas da memória acessível pela mente consciente e armazenadas no inconsciente.

O sofrimento emocional, dizia Freud, é resultado de um conflito inconsciente.

A Psicanálise se propõe a lidar com os conflitos existentes no inconsciente.

O legado de Freud

Freud - Pai da Psicanálise

“A pessoa não deve lutar para eliminar seus complexos, mas para entrar em acordo com eles; os complexos são guias legítimos de sua conduta no mundo”

Sigmund Freud

Há várias técnicas que permitem a emergência do inconsciente, uma delas é a Análise dos Sonhos.

Segundo Freud, todo sonho representa a realização de um desejo e quanto menos palatável esse desejo for para nossa mente consciente, mais disfarçado ou distorcido ele aparece em nossos sonhos.

O inconsciente, portanto, envia mensagens codificadas à mente consciente.

De outras formas acontecem manifestações do inconsciente: através dos atos falhos e pelo processo de associação livre.

Freud treinou outros profissionais de saúde mental da época com seus métodos, exercendo autoridade para definir quais práticas eram aceitáveis.

Com o tempo, os alunos e outros profissionais fizeram alterações nas ideias de Freud, acabando por dividir a Sociedade em três correntes:

  • Freudianos: Que permaneceram fiéis às concepções originais de Freud
  • Kleinianos: Seguidores de Melanie Klein
  • Neofreudianos: Um grupo posterior que incorporou as ideias de Freud a uma prática mais ampla.

A psicanálise moderna conta com várias escolas de pensamento diferentes, mas as teorias freudianas continuam influenciando todos os analistas contemporâneos.

Por que alguém faria análise?

Partindo do princípio que a vida moderna trás por si só muitos desafios e problemas para nós humanos.

Não há como evitar os problemas e certamente lidar com eles é a nossa única opção. Porém, muitas vezes, precisamos de uma ajuda e é aí que a Pscicanálise entra.

Com a técnica da Psicanálise aprendemos a lidar melhor com situações conflitantes e desagradáveis, que teimam em aparecer no dia a dia.

Aprendemos a ver os problemas de um ponto de vista muito particular: o nosso próprio ponto de vista!

Longe dos próprios julgamentos e sentimentos mais aflorados, passamos a enxergar melhor qualidades, defeitos, crenças, opiniões, desejos e até os sonhos.

A análise ajuda a aliviar as dores e fortalecer o emocional, para enfrentarmos os problemas de frente.

Com mais confiança e independência, as chances de ter mais qualidade de vida é muito maior.

Mas nem tudo são flores, lidar com emoções não é para fracos, todo esse processo pode ser muito dificil e doloroso e exigir um nível de resiliência bem alto.

Para quem é indicada a análise?

Até pouco tempo atrás as pessoas acreditavam equivocadamente que terapia ou análise era somente para “loucos” ou pessoas com algum grau de transtorno mental.

Mas aí chegou a Pandemia e o que temos visto?

Uma verdadeira corrida pelos serviços de atendimento psicoterapêuticos.

Uma pesquisa da USP aponta um aumento considerável na procura desses serviços com base nas buscas pelo Google:

Psicoterapia no Google
Fonte Google Trends 2021 – Pedro Teixeira – USP

Felizmente as pessoas estão despertando para uma questão de saúde mental. Onde cuidar da saúde mental, não é somente tratar problemas e transtornos mentais.

Mas sim, do seu bem-estar, para que você possa lidar com as adversidades da vida moderna e conseguir dar o seu melhor.

Sendo assim, a análise, é para qualquer pessoa, principalmente para aquelas interessadas em ter uma vida mais saudável, equilibrada

As pessoas tetam cuidar tanto do corpo físico fazendo ginástica na academia, por que não olhar também para a mente e emoções?

Como funciona uma sessão de análise?

Uma sessão de análise tem como foco o Inconciente do paciente, é através dele que tudo se desenrola.

O simples falar pode alivirar tudo, mas o simples se ouvir pode mudar tudo!

Silvana D’Avino

Quando o paciente fala, cria uma oportunidade única de materializar aquilo que está dentro dele, mesmo que em um primeiro momento ele não compreenda.

Quando ele se escuta, cria uma oportunidade ímpar de perceber o que foi dito e rever os sentimentos que estão por trás a ponto de ressignificá-los.

Quando esse processo de fala e escuta acontece, algo muda dentro do paciente, porque ele passa a se descobrir um pouco mais, passa a perceber de forma diferente aquilo que está oculto. É o entrar em contato com o seu próprio “EU”, rumo a sua essência.

O vídeo abaixo tem uma excelente analogia que criei para explicar facilmente como todo esse processo funciona na mente do paciente:

Quanto tempo dura a análise?

É importante saber que não há um tempo definido, onde você possa dizer que chegou no fim

Isso porque se trabalha situações diversas que ocorrem na vida do paciente que precisam ser entendidas e refletidas por ele, independente do seu passado, presente ou futuro

É como se fossem pequenas linhas que vão sendo puxadas e exploradas pelo paciente a cada sessão

Perceba que não há a busca pela cura de um sintoma “x” ou “y” baseado em um diagnóstico

Aliás, não há diagnósticos!

Sendo assim, seria correto afirmar que análise pode durar a vida toda ou até o paciente perceber que está mais preparado para enfrentar seus desafios e se sentir melhor

Da mesma forma, a quantidade de sessões dependerá da expectativa e disponibilidade entre o  paciente e o analista

Em geral se inicia com uma ou duas sessões por semana e a duração é de  50 minutos

Antes de contratar um psicanalista, procure entender o que é Psicanálise. Espero que tenha gostado. Deixe seus comentários abaixo.

* Ilustração da capa por StorySet

Silvana D'Avino

Atua há mais de 25 anos na área de atendimento clínico em Psicologia e Psicanálise. Graduada em Psicologia pela FMU e Psicanálise pelo IBCP (Instituto Brasileiro de Ciências e Psicanálise), com diversas especializações: Psicoembriologia, Coach Psico Orgânico, Grafologia, MBA em Gestão de Pessoas, Psicologia Analítica (Jung), Orientação Profissional, Psicologia Hospitalar